top of page

“A misericórdia de Deus preenche o coração daqueles que a praticam”

A vida cristã tem sua a essência na imitação de Cristo. Em Cristo, todos os homens são

direcionados ao verdadeiro sentido da vida, pois, redimidos pela Cruz e salvos pela morte e ressurreição

do Verbo de Deus,à eŶĐoŶtƌaŵà aà peƌfeiçĆoà Ŷ͛áƋueleà Ƌueà ǀeioà para que todos tenham vida em


abundância (cf. Jo 10,10). Em Cristo, o humilde e o pobre de Nazaré, o ser humano renasce, redescobre-

se e vivifica-se. e Nele o Homen pode comtemplar e conhecer-se; o rosto do Pai, até então desconhecido,

edificado; por Ele, o Espírito da santificação é comunicado.

ree

No evento-Cristo, todas as criaturas são regeneradas pelo Amor – o mesmo Amor que transborda

da relação entre o Pai e o Filho e o Espírito Santo, pelo qual se dá a origem da criação; o mesmo Amor

que convoca a todos a viverem na comunhão pelo vínculo da caridade, da esperança e da fé. Neste

mesmo Amor, todos são conclamados a imitar Aquele

que não agiu senão para o Amor. Inseridos no Amor,

todos viverão em unidade, tendo como fundamento do

seu agir a concórdia e o perdão. Assim, nada será

difícil e pesado, nem mesmo os defeitos do próximo, pois,

em Cristo, todas as coisas são vistas sob uma nova ótica;

todas as coisas são ĐoŶteŵpladasàĐoŵà͞osàolhosà

deàDeus͟.àNesteàáŶoà“aŶtoàdaà Misericórdia, é possível

contemplar, portanto, o mundo sob uma nova

perspectiva, a começar pelo mundo que nos cerca; é

possível contemplar até mesmo os erros e os

defeitos de nossos irmãos não como obstáculos, mas,

antes, como degraus que nos aproximam de Deus.

Apesar de não ser uma tarefa fácil conviver com

pessoas que pensam e agem diferente, a fé cristã ensina

que, na comunhão fraterna e no amor que se partilha, não

faltam forças e meios necessários para que os

cristãos sejam, de fato, irmãos. Isso se torna possível

porque a fé cristã é real e concreta; é o resultado do

encontro com a pessoa de Jesus. A partir deste

encontro, os cristãos não apenas se suportam, mas se

amam e respeitam-se em suas diferenças. A realidade das fraquezas próprias e dos próximos deixa ao

homem duas alternativas: a de mais e mais afundar-se no mal, sendo esta profundamente

antievangélica e contrária os ensinamentos de Jesus; ou então encarar aquilo que incomoda, separa e

divide – sombras leves ou pesadas da vida – como elemento imprescindível de conhecimento próprio,

de inconformismo e de retorno à luz e à paz.

No Amor de Cristo, o discípulo é convidado a perseverar na caminhada, a percorrer os mesmos

caminhos que o Mestre percorrer. Seguindo as pegadas deixadas pelo Mensageiro que anuncia a paz e o

perdão, é convidado a comprometer-se efetiva e verdadeiramente com a missão de ser discípulo

amoroso e misericordioso, pois sabe que a sua vida somente se tornará completa quando, ao ouvir as

palaǀƌasà͞segue-me͟,àƌeŶuŶĐiaƌàaàsiàŵesŵoàeàiƌàatƌĄsàd͛áƋueleàƋueàoàĐhaŵa.à“oŵeŶteàŶesteàseguimento

compassivo, as faltas – próprias e alheias – serão vistas com o olhar divino. Contudo isso não significa que deixarão de ser faltas e que não incomodarão mais. Ao contrário, será o Amor que

implantará novo sentido de suportar e aproveitá-las. Será o Amor que nos transportará para um mundo

amável, permeado de um contínuo convite à coragem, sob o impulso da graça, à luta serena contra os

defeitos – por piores e mais arraigados que sejam –, à busca incessante da misericórdia divina, que não

pode deixar de ir ao encontro da miséria humana, para devolver-lhe e robustecer-lhe a esperança.

Contemplando o Amor, o discípulo aprenderá as suas lições, que pedem, sobretudo, o perdão. O olhar

contemplativo do discípulo é a exigência para o aprofundamento da experiência espiritual. Sem este olhar, não é

possível falar de espiritualidade cristã; não é possível falar de amor nem de perdão. Assim, a espiritualidade dos

discípulos de Jesus perpassa a experiência do encontro, do olhar e da imitação. Faltando o encontro, não há o que

contemplar além da teoria; sem o olhar contemplativo, a experiência transformadora do encontro é reduzida a

um pseudosseguimento, indisposto à radicalidade da proposta evangélica; e, sem a imitação,àoà͞faça-se em mim

seguŶdoàaàtuaàpalaǀƌa͟à;Đf.àLĐàϭ,àϯ8ͿàĠàestĠƌil.àOàpapaàFƌancisco afirma, na Carta Encíclica Lumen Fidei (4), Ƌueà͞aàfĠà

nasce no encontro com o Deus vivo, que nos chama e revela o seu amor: um amor que nos precede e sobre o

qual podemos apoiar-nos para construir solidamente a vida. Transformados por este amor, recebemos olhos

novos e experimentamos que há nele uma grande promessa de plenitude e nos é aberta a visão do futuro. [...] a

fé é luz que vem do futuro, que descerra diante de nós horizontes grandes e leva-nos aàultƌapassaƌàoàŶossoà͚eu͛à

isolado, abrindo-o à aŵplitudeàdaàĐoŵuŶhĆo͟.

Convidados a ultrapassar as fronteiras dos nossos próprios pensamentos e esquemas de ser, podemos

participar da comunhão com o amor divino, tornado concreto no convívio com os irmãos. Assim, podemos, até

mesmo, louvar a Deus pelas faltas, pois Ele tira o bem do mal e de grandes males tira grandes bens; tudo lhe

serve para manifestar a sua bondade e a sua magnificência. Esta é a grande esperança do cristão que, mesmo no

meio do maior lamaçal, nunca deixa de ansiar pela concórdia alicerçada no Amor, como único apoio para a

construção da comunidade.

 
 
 

1 comentário


Gislaine Araújo
Gislaine Araújo
01 de mai. de 2024

Muito lindo 🙏🙏

Curtir
bottom of page